sexta-feira, 9 de abril de 2010

Energias Alternativas - Energia das Marés - II Parte

Esse corpo flutuante constitui, afinal, ele próprio uma Central Maremotriz, em que a sua energia potencial resulta do seu próprio peso, bem como de tudo quanto a integra, desde armazéns de materiais, oficinas, instalações para pessoal, mecanismos diversos, geradores, transformadores, etc., etc. até ao peso dos próprios operários e técnicos, para transformação em energia eléctrica. Foi este o culminar de cerca de três anos de trabalho, recolhendo dados importantes sobre Centrais Hidroeléctricas, Térmicas e Geotérmicas nacionais, sobre Centrais Termonucleares, incluindo o aproveitamento da biomassa, das energias eólicas, maremotrizes, solares, etc.. Mas para atingir melhor o objectivo previsto tornou-se necessário percorrer ainda os cais de Lisboa para observar o comportamento de navios de grande calado, recolher dados sobre o fenómeno das marés no estuário do Tejo, etc. E ao fim de mais um ano de trabalho, em Abril de 1984, ficou completamente dactilografado e desenhado, nas suas linhas gerais, um projecto de uma Central de Maremotriz, em que esta é constituída por uma gigantesca plataforma flutuante, resultante do aproveitamento do casco de um velho petroleiro de várias centenas de milhar de toneladas. A plataforma encontra-se perfeitamente encaixada numa doca própria, algures no estuário do Tejo, cujas águas profundas e calmas são indispensáveis para o efeito desejado, enquadrado por estruturas que lhe permitem realizar o movimento de sobe e desce em perfeita verticalidade.
A doca é estanque, com dispositivos que lhe permitem controlar perfeitamente a entrada e saída das águas, num adequado desfasamento em relação ao fluxo e refluxo das marés e segundo o princípio dos vasos comunicantes, para conseguir a indispensável movimentação da plataforma de maneira regular e constante. Para completar a descrição da Central, aqui necessariamente de forma muito reduzida, o projecto assinala a existência de oito secções de geradores distribuídas em toda a volta do piso superior, devidamente aplanada por obras de adaptação, de modo a aproveitar o máximo da área limitada pela forma adaptada do casco de um petroleiro. Cada Secção é constituída sequencialmente por um Sistema de Accionamento, um Sistema de Compensação e de Inversão e quatro geradores , devidamente interligados. O Sistema de Accionamento é que movimenta todo o conjunto, porque as suas rodas motoras se encontram ligadas a encaixes próprios e fixos, construídos e encaixados no betão da doca. Com o movimento sobe e desce da plataforma, as rodas motoras do Sistema de Accionamento são obrigadas a rodar lentamente por força dos encaixes fixos da doca, movimento que é multiplicado adequadamente em progressão geométrica, ao longo do conjunto de carretos e cremalheiras que constituem o Sistema de Compensação e de Inversão. (continua)

Sem comentários: