segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

RELIGIÃO

Filho de pais católicos romanos moderadamente praticantes, portanto educado nessa vivência, muito cedo (aos 16 anos) se sentiu fortemente impulsionado para saber o mais possível sobre a religião dos seus pais, porque algum sentimento de rebeldia lentamente se ia apoderando de si e o afligia cada vez mais com muitas e grandes dúvidas.
Esse sentimento de rebeldia começou a manifestar-se a partir dos 8 anos de idade, quando os seus pais residiam no Alto de Santa Clara em Coimbra, frente ao Convento da Rainha Santa Isabel. Era nos claustros desse convento que, sentado em bancos e madeira, juntamente com mais garotada, recebia, aos domingos, à tarde, a catequese que era ministrada por umas três ou quatro instrutoras designadas para o efeito. Cada uma delas ensinava uma classe com programa diferente das outras, formando uma sequência, que no final constituia o curso completo de catequese. Assim, na primeira classe, ou inicial, aprendia-se o "Padre Nosso", como se dizia na época, a "Avé Maria" e a "Salvé Rainha". Depois destas orações bem memorizadas e papagueadas sem papas na lingua, mesmo sem entender patavina do que expressavam, o aprendiz que mais depressa o conseguisse, transitava para a classe seguinte onde continuaria com a aprendizagem sistemática de outras orações-fórmula e assim por diante. Contudo, o local onde era ministrada a catequese, isto é, os referidos claustros situados na parte de trás do convento, era um local quase a céu aberto, onde se dispunham em linha várias estátuas de santos ou membros da Igreja. Nos dias de Inverno, tornava-se um local gélido, escuro e extremamente incómodo. Como consequência, o aprendiz Fernando Martins, que era empurrado pela mãe para a Doutrina (era assim que naquele tempo se designava a catequese), sempre que entrava naquele lugar sombrio, gelado e ensombrado pelas referidas estátuas, que lhe pareciam enormes e lhe metiam medo, para aprender a papaguear orações-fórmula que pouco ou nada lhe diziam, ficava até com a alma gelada e o seu desejo era o de libertação, era dar "á sola", sempre que pudesse. Qando isso acontecia, num momentro de distracção da instrutora, lá se esgueirava feliz e contente por alijar os pesos que lhe oprimiam o corpo e a alma. Mas o pior vinha depois, porque havia sempre um miudo ou dois que, por bem querer, mal saiam da Doutrina iam logo a correr direitos a casa do fugitivo para avisar a mãe do pecado do seu filho. Quando este chegava a casa já sabia o que o esperava, levava uns pares de bofetadas e uns cachações acompanhados de advertências como esta: "Este malandro vai-me sair um grande maçónico". Escusado será de dizer que o nosso aprendiz nunca se esforçou para mudar de classe, nem tão pouco se cumpriu o vaticínio de sua mãe.
Foi, portanto, a partir dos 16 anos de idade, que o ponto de partida para o conhecimento, incidiu, logicamente, sobre a leitura e meditação da chamda Bíblia Sagrada, supostamente considerada por muitos milhões de pessoas como sendo a palavra de Deus. Como não podia deixar de ser, a necessidade de saber mais, levou-o a alargar o conhecimento sobre outras religiões, nomeadamente o Maometanismo através de um exemplar do Corão adquirido na Argentina em 1952, sobre o Budismo, através de literatura também importada da Argentina, sobre religiões contemporâneas do Cristianismo nascente como o Mitraísmo, religião vários séculos mais antiga que foi descaradamente plagiada pela primeira, ao ponto de serem consideradas religiões gémeas e que só a falta de escrúpulos e crueldade de um imperador romano de má memória - Constantino - haveria de destruir implacavelmente, com templos arrasados e clero assassinado , para que a nova religião que oficialmente adoptara para o seu Império não ficasse marcada para a posteridade pela vergonha de um plágio soez. Por fim, com a investigação mais alargada sobre a trapalhada dos Evangelhos canónicos e apócrifos quase setenta no total, que não lhe merecem a menor credibilidade, quer sejam consideradas novelas ou documentos históricos e, finalmente uma análise das especulações teológicas, levaram-no a concluir honestamente pela rejeição total das Religiões que não considera serem outra coisa senão criações do Homem, sem a menor inspiração Divina. Contudo, querendo deixar bem claro que nada tem a ver com o Ateísmo, modestamente se proclama Agnóstico, Republicano e Socialista Democrático.
Sobre o tema Religião, dados os perigos concomitantes que sempre existiram no passado e que actualmente continuam cada vez mais em expansão, em virtude de poder causar algum melindre com escritos que de alguma forma possam desagradar a criminosos com dependência religiosa, apenas elaborou um pequeno e sugestivo folheto com o titulo “Cristianismo - As duas faces da mesma Moeda”, que consiste numa compacta micro síntese de verdades, condensadas no menor espaço possível, porém suficiente para alertar consciências.