sexta-feira, 20 de novembro de 2009

ASTRONOMIA I


Fotografias da sequência das fases lunares
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Telescópio astronómico - Tipo Newton, de 22 cm de abertura ( 1960) construido artesanalmente com óptica incluido

Telescópio equipada com câmara fotográfica

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Uma amostra da minha música.

01 Romance.mp3
Clique no título e se quizer pode descarregá-la para o seu computador
(Todos os direitos são reservados ao autor deste blogue)


ROMANCE, em Ré maior, Op.2, nº.3 - piano

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Palestra Sobre a Génese do Cancro

Palestra Sobre a Génese do Cancro, no dia 7 de Novembro, na Sociedade Portuguesa de Naturalogia

Para mais informações :

Sociedade Portuguesa de Naturalogia
http://spn.eco-gaia.net/

sexta-feira, 17 de julho de 2009

ENERGIA EÓLICA I

Não há dúvida de que a utilização das energias obtidas a partir de os hidrocarbonetos, sempre representou um perigo muito grande para a Natureza e o Homem, devido aos milhões de toneladas de factores poluentes que permanentemente são atirados, em todo o mundo, para a atmosfera, para os campos e para os oceanos, envenenando e desequilibrando perigosamente a nossa Terra Mãe. Mais tarde ou mais cedo, a necessidade suprema de se começar e a inverter o curso das coisas, tinha que chegar e a corrida à utilização de energias alternativas, naturais, renováveis, gratuitas e não poluentes, como única solução capaz , aí está desenvolvendo-se em força em vários países. Como o nosso país não possui um território fortemente acidentado e de grande pluviosidade, de forma a poderem-se construir barragens gigantescas como as de Assuão, no Egipto ou de Cabora Bassa em Moçambique, por exemplo, com uma produção enorme e constante de electricidade, não teve outro caminho senão o de aproveitar a exploração das energias naturais que possui em quantidades razoáveis, como os ventos que sopram em todo o litoral e o Sol que aquece e ilumina sobretudo o interior, como a Beira Baixa, o Alto e Baixo Alentejo. É de louvar, a todos os títulos, a existência nesta província e em pleno funcionamento, da maior Central Solar do Mundo. Só é pena que as fabulosas células foto voltaicas que constituem os painéis solares não sejam fabricadas ao preço dos pregos. Quanto à energia eólica, a maneira como está a ser aproveitada, com utilização de material importado da Dinamarca e até já cá construído sob licença certamente, tem causado grande estupefacção ao inventor do endoscópio de fibras ópticas. Quando começaram a ser montados os primeiros aerogeradores e apareceram artigos e fotografias em jornais e revistas, descrevendo e mostrando as altíssimas estruturas que suportam enormes turbinas e os geradores, confessa que se sentiu bem impressionado, sobretudo pela elegância e aerodinamismo das turbinas, lembrando as hélices dos aviões. Mas também pensou que aquilo não passaria de um luxo, de construções que embora vistosas, mas isoladas e bastante caras. O pior foi, quando por força de fortes interesses, certamente criados à volta dessas construções, o fenómeno começou a alastrar de tal modo, que hoje, uma sementeira, de mais de 2 000 aerogeradores, já está distribuída pelo país., formando grupos de várias unidades a que chamam parques eólicos. E o que tolerava no principio, por considerar quase uma brincadeira, passou depois, a repudiar quase com escárnio, por lhe parecer que é inadmissível que gente responsável continue a manter em tão larga escala, uma tão grande falta de visão no aproveitamento da força dos ventos, por utilizar aquele tipo de estruturas fatalmente de fraco rendimento. Ao considerar que um parque eólico constituído por 64 aerogeradores, tomado como padrão, só produz anualmente, 147MW, que é a energia equivalente ao consumo de 120 000 habitantes, como é o caso do parque instalado nas serras da zona do Pinhal, algures na Beira Baixa e que custou mais de 150 milhões de euros, quantos aerogeradores não vão ser necessários construir em Portugal para colmatar a brecha dos 60% ou 70% de energia estrangeira normalmente importada? Sim, porque os pouco mais de 150 geradores distribuídos pelas nossas Centrais Hidroeléctricas, bem como os cerca de 30 geradores distribuídos pelas Centrais Termoeléctricas não produzem, em anos de normal pluviosidade, mais que 30% ou 40% da electricidade necessária ao consumo do País. Reagindo a esta situação o nosso inventor avançou já com um pequeno mas bem elucidativo trabalho sobre o que pensa que deve ser uma CENTRAL ANEMOTRIZ, nas suas linhas gerais, denominado “PARQUES EÓLICOS ou CENTRAIS ANEMOTRIZES? QUAL A MELHOR SOLUÇÂO? Ilustrado com desenhos e apoiado por conhecimentos por demais conhecidos, a fim de fazer frente aos tão gabados PARQUES EÓLICOS que agora tão ridículos lhe parecem. É sua forte convicção de que não é necessário ser-se engenheiro electrotécnico para notar o disparate que constitui o formato e a dimensão das turbinas utilizadas nos aerogeradores. Não serve de nada aos responsáveis a argumentação de que o casamento da D. Turbina e do Sr. Gerador está bem feito e equilibrado. Que a turbina, na sua rotação, tem a energia perdida por atrito, reduzida ao mínimo. Que, portanto, a força que capta dos ventos é transmitida quase a 100% ao gerador. Que, ao fim e ao cabo, o conjunto funciona muito bem e produz electricidade. A argumentação até está certa, mas o grande problema reside na capacidade da turbina para captar o máximo da força dos ventos, capacidade, que na sua opinião, é muito fraca. E porquê? Simplesmente porque a força dos ventos captada por impacto nas pás da turbina, é directamente proporcional à área total dessas pás. Embora a turbina seja vistosa, elegante e aerodinâmica, a verdade é que só possui três raquíticas pazinhas que, em relação à área do círculo descrito por elas no movimento rotativo, ocupam apenas 5% da área desse círculo. Que quer isto dizer? Quer dizer que, muito simplesmente, 95% da massa dos ventos não é aproveitada porque se perde.
Ver mais fotos e figuras na ENERGIA EOLICA II

terça-feira, 30 de junho de 2009

O ENDOSCÓPIO

Mas o ponto mais alto que atingiu em matéria de Óptica foi, sem dúvida, por volta de 1963, a invenção do endoscópio de fibras ópticas, para fins técnicos e de medicina, bem como um derivado especial para assuntos secretos e de espionagem. Tal aconteceu porque uma poderosa empresa alemã, tomando conhecimento das suas habilidades e potencialidades, não hesitou em contactar o empregado bancário português e desafiá-lo para encontrar a solução de um intrincado problema com feixes de fibras ópticas, com que uma equipa de técnicos profissionais se confrontava e não lograva conseguir. A empresa alemã forneceu-lhe a matéria prima necessária, desconhecida no mundo de então, com excepção de uma congénere norte-americana em competição secreta para o mesmo objectivo, mas também sem êxito. E Alves Martins, aceitando o grande desafio, concebeu e construiu, sozinho, aparelhagem para fabricar os dois primeiros feixes de fibra óptica, com o segredo solucionado da transmissão de imagens. Em quinze dias, sobretudo o segundo feixe, porque já beneficiava das correcções dos defeitos ocorridos no primeiro, estava pronto para responder ao desafio dos alemães. Como já havia recebido deles grandes promessas, permitiu que os feixes fossem enviados para a Alemanha e, de imediato, recebeu por carta os maiores elogios pelo rápido sucesso alcançado. Mas antes disso, uma vez que já sabia qual era a finalidade da aplicação dos feixes, não perdeu tempo e concebeu e desenhou o esquema óptico do moderno endoscópio, hoje em serviço em todos os hospitais e clínicas do mundo. Embora tivesse feito o registo de patente em Portugal, Estados Unidos, Alemanha, França e Inglaterra, de nada lhe valeu, as promessas não se cumpriram e como prémio de consolação material, apenas a exibição da medalha de prata com que foi premiado num Salão Internacional de Inventores, em Bruxelas. De então para cá, dezenas de entrevistas a jornais, revistas, rádio e televisão, sempre solicitado com grande e espontâneo apoio, com destaque especial para a Agência de Noticias Europa Press, que, através das suas 90 agências espalhadas em todo o mundo, naquela altura, tão bem soube acusar os alemães e defender o bancário português. Para terminar, nos anos oitenta, realizou-se em Lisboa um Congresso Internacional de Gastrenterologia com a participação de grande número de representantes estrangeiros e de um … endoscópio de fibras ópticas. A Associação Portuguesa de Criatividade reagiu ao evento e enviou um extenso telegrama, informando o Congresso e reclamando para Portugal a glória da invenção do endoscópio, mas os nossos compatriotas presentes e responsáveis, nem sequer tiveram a dignidade de agradecer o telegrama, porque a subserviência nacional só reconhece capacidades e méritos aos estrangeiros.

terça-feira, 16 de junho de 2009

ÓPTICA

Aos seis anos de idade, pela mão do seu padrinho, assistiu pela primeira vez a uma sessão de cinema. Foi no antigo Casino da Figueira da Foz e o que viu haveria de o marcar para sempre. O filme foi o primitivo e célebre “Máscaras de cera”, filme de terror que durante vários anos haveria de recordar cheio de medo, especialmente quando entrava em lugares escuros ou mal iluminados, à semelhança do que acontecera em muitos cenários do filme. Mas o aspecto positivo da sessão de cinema não foi o filme em si mesmo, mas sim o espantoso e movimentado jacto de luz que saia de um “buraco” no alto da parede da sala à sua retaguarda e se projectava numa “parede branca” oposta, onde descortinava grandes maravilhas, pois ficou com a sensação de que não se tratava de pessoas e coisas, tanto mais que não saiam para fora do “quadrado” iluminado, mas sim de um complicado arranjo de muitas e variadas fotografias que se movimentavam, tal como via as pessoas e coisas na vida real. E durante cerca de meia dúzia de anos não foi capaz de encontrar alguém que lhe desse uma explicação que entendesse e o satisfizesse acerca daquela maravilha da Óptica que tanto o intrigava. Por isso, só aos 12 anos de idade, nessa altura a residir em Águeda, onde o seu pai, frequentava a Escola Central de Sargentos, é que teve finalmente a oportunidade de desvendar o mistério. Em Águeda não existia um cinema sequer, mas em dada altura de um Verão, apareceu um entusiasta do cinema bem apetrechado para fazer projecção de filmes ao ar livre. Com autorização da Câmara Municipal, instalado no jardim junto ao rio do mesmo nome da então vila., projectou em episódios durante várias noites, perante grande assistência de garotada e adultos, um filme mudo que lhe pareceu ser bastante longo e que se intitulava “Os Órfãos de Paris”. Pois bem, logo na primeira noite, bem como nas seguintes, o estudante liceal Fernando Martins, ardente de curiosidade, não saía de junto do operador, a quem por vezes dificultava os movimentos, pois tinha de descobrir a marosca custasse o que custasse. E assim, de pormenor em pormenor, acabou por entender o fenómeno de tal modo que, semanas depois, construía um pequeno caixote de madeira equipado com uma vela que seria a fonte luminosa, uma vulgar lupa ou lente convergente que seria a objectiva e um “filme” que era nem mais nem menos de que uma comprida tira de papel vegetal ou papel de seda, composta por várias tiras mais pequenas coladas nas extremidades, mas na qual desenhara a tinta da china, copiando por cima, as maravilhosas imagens das encantadoras histórias do jornal infantil “O Mosquito”. Com o resultado da sua boa habilidade para os trabalhos manuais, aprontou uma caranguejola eficaz com a qual passou a deleitar-se e a deleitar os cachopos da sua idade, em sua casa e muitas vezes em vãos de escadas escuros de prédios, projectando numa parede a cerca de meio metro, a excelente banda desenhada de “O Mosquito”, mas cobrando um tostão (10 centavos) por cabeça. Acabara de instilar o vírus da Óptica em si próprio e para todo o sempre. Este foi o início, mas depois a ambição haveria de exigir mais, muito mais: a construção de um microscópio, de um telescópio e de tudo o que dissesse respeito à aparelhagem óptica utilitária, mas só depois dos 30 anos de idade, é que efectivamente começou a trabalhar seriamente no assunto. Começou por seguir (ingenuamente) os livros de Física, no que respeita à secção de óptica, fazendo experiências com base nas teorias neles expostas, mas pronto reconheceu que não levavam a lado nenhum. Viu-se obrigado a fazer muitas visitas à Feira da Ladra em Lisboa a fim de adquirir lentes para as suas experiências. Alugou dois óculos de longo alcance que desmontou e esquematizou o mais rigorosamente possível (ainda hoje conserva as plantas), mas o grande empurrão foi-lhe dado pelo falecido Comandante Conceição Silva, professor da Escola Naval, notável astrónomo e seu saudoso mestre, que lhe transmitiu, na íntegra, os segredos de um processo artesanal, perfeito, por ele inventado, para talhar e polir lentes a partir de chapas de vidro. Recebeu avidamente as lições necessárias para uma boa aprendizagem, comprou vários livros estrangeiros sob sua indicação e ficou pronto a talhar lentes de várias graduações para oculares e objectivas para telescópios. Daí a construir três telescópios com óptica do seu fabrico foi um ápice. Depois sucederam-se as observações, as sessões em sua casa e em vários locais, para amigos, colegas, familiares e público em geral, e, por fim, a imperiosa necessidade de também fazer fotografia com os seus aparelhos. Daí resultou ter de construir também câmaras fotográficas para os mesmos e bem assim uma tele-objectiva com características especiais. Com este conjunto de aparelhagem e á medida que ia adquirindo conhecimentos e experiência em matéria de fotografia, além da exploração dos céus, conseguiu êxitos extraordinários sobretudo em Telefotografia, colhendo imagens de grande perfeição de objectos em terra até à distância de 25 KM, uma modalidade que é a mais difícil de praticar, devido ás nocivas interferências atmosféricas tais como fumaradas, neblinas e sobretudo irradiação de calor e humidade do solo. Como resultado surgiu uma bela colecção de fotografias diurnas e nocturnas do monumento ao “Cristo Rei” em Almada, tiradas de vários pontos de Lisboa, bem como um grande conjunto de espectaculares panorâmicas de cerca de 180º, tomadas sobre as cidades de Lisboa, Porto, Coimbra e outras localidades como Agualva-Cacém, que foram objecto de inúmeras exposições em diversas instituições e que lhe mereceram os maiores elogios em vários jornais, revistas e televisão.
Foto tirada a 4 900m (1963)

Foto tirada a 2 800m (1964)

Foto tirada a 4 900m (1964)


Foto tirada a 2 800m (1964)

Foto tirada a 3 900m (1964)

Foto tirada a 4 900m (1964)

Foto tirada a 3 900m (1964)
Foto tirada a 4 900m (1964)

Foto tirada a 4 900m (1964)



Foto do Palácio da Pena - Sintra, tirada a 25 km de distância

PSICOLOGIA EXPERIMENTAL

No domínio da Psicologia Experimental nunca se sentiu atraído para o estudo, ainda que auto didacticamente, da matéria cursada mos meios universitários, pois cedo lhe começaram a despertar atenção outros conhecimentos para ele mais aliciantes e de horizontes mais abrangentes, por terem muito a ver com o velho problema do Ser e do Destino do Homem. Não obstante encontrar-se já em Sintonia com a Religião e com a Música, não podia deixar escapar algo de fascinante contido nas impropriamente chamadas Ciências Ocultas, nomeadamente a Quirologia e a Astrologia, que por não serem objecto de protecção de cursos oficiais no nosso País, têm sido alvo fácil de indivíduos sem qualquer qualificação e que sem escrúpulos apenas se servem do seu nome para explorarem o próximo. Contudo, entre os poucos praticantes profissionalizados que conheceu, sempre reconheceu e referiu com grande destaque o notável quiro-astrólogo Raul Lapa, amplamente conhecido no país e no estrangeiro por professor “Horus”, infelizmente já falecido e com o qual manteve durante muitos anos um relacionamento bastante amistoso. Como não podia deixar de ser, teve de arranjar tempo para o estudo dessas ciências, valendo-se de excelente literatura que mandou vir da Argentina – Editorial Kier de Buenos Aires.
Aprendeu o mais que lhe foi possível, o suficiente para convencer-se honestamente de verdades defendidas e propagadas por grandes autores, mas acabou por chegar à conclusão que a sua vida não comportava o tempo suficiente para uma aprendizagem de grande vulto.
Por isso, a sua atenção centrou-se sobretudo noutra ciência, muito menos contestada e igualmente aliciante – a Grafologia. Esta ciência amplamente utilizada em todo o Mundo pela policias judiciárias através dos seus peritos grafólogos, tem por objectivo determinar as potencialidades físicas, morais e mentais de uma pessoa através do estudo da sua letra corrente, mormente depois de já ter atingido um elevado grau de automatismo, logo de individualismo. Alves Martins fez muitas palestras sobre Grafologia em várias instituições de Lisboa, algumas extintas, pelas quais era sempre muito solicitado, porque as suas sessões terminavam sempre com uma análise de manuscritos que lhe eram apresentados por muitas pessoas da assistência, previamente avisadas para o efeito, através de comunicados dessas instituições.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

MÚSICA

Desde tenra idade, 4 ou 5 anos, revelou grande sensibilidade para a música, aprendendo rapidamente as canções da sua época, que transmitia aos seus familiares e amigos através da sua vozinha de menino de coro que, segundo os seus pais, era muito apreciada e solicitada, especialmente em reuniões de família. Como a atracção pela música era muito grande, sobretudo no contacto com instrumentos musicais, os seus pais apenas o iam consolando de vez em quando, com uma harmónica bocal de escala diatónica, a vulgar gaita-de-beiços, que rapidamente aprendeu a dominar. Com elas se ia deleitando ao interpretar tudo quanto era música popular e só mais tarde, por volta dos 14 anos, já estudante liceal, teve, oferta do pai, uma harmónica de três escalas cromáticas. Com ela, alegrou bailaricos na terra natal dos seis pais, aldeia raiana do concelho do Sabugal.
Terminado o liceu, foi trabalhar num escritório, o que permitiu comprar livros de teoria musical, solfejo e composição. Nessa altura, rapaz de 18 ou 19 anos, entregou-se à sua paixão pela música desaguando no oceano encantado da Grande Música do Período Clássico, mas sobre tudo na música do período mais belo de sempre, o Período Romântico.
E a composição, para a qual se sentia impelido com uma força irresistível, passou a ser o seu desejo mais profundo. Estudou e aprendeu sozinho o mais que lhe foi possível, mas só depois de ter dado entrada em novo emprego, na Caixa de Previdência, em 1947, aos 20 anos, lhe foi possível ampliar mais os seus estudos.
Entretanto acontece um compasso de espera com a chamada para o serviço militar. Depois de concluído o curso de oficial miliciano na Escola Prática de Infantaria em Mafra, foi colocado no extinto Batalhão de Engenhos na Amadora, cujas instalações estão hoje ocupadas pela Academia Militar. No prazo de tempo decorrido no Batalhão cerca de dois anos, apenas merece ser referido um episódio deveras interessante relacionado com a música. Nessa altura, o alferes miliciano Martins já possuía outra harmónica bocal mais sofisticada - uma HOHNER de quatro escalas cromáticas - com a qual se deleitava, interpretando peças de musica tanto do seu agrado, mais adiante referida, como o "Cisne" de Saint Saens, as "Avé Maria" de Schubert e de Gounod e "Meditação" de Massenet, por exemplo. Assim, a partir de determinada altura, sempre que lhe cabia entrar de serviço ao Batalhão como oficial de prevenção, levava de casa a sua harmónica para o quartel, a fim de passar melhor e mais agradavelmente o período nocturno de vigilância que lhe competia.
Logo que o serviço o permitisse, entrava na sala dos oficiais e aí, num silêncio nocturno aprazível, sem ligar patavina ao aparelho de rádio que equipava a sala, tocava as suas melodias preferidas, incluindo já algumas da sua autoria.
Certa noite, sem que o Alferes Martins suspeitasse que a soldadesca já sabia dos seus recitais nas noites dos seus dias de prevenção, teve uma surpresa muito agradável. Quando deu por ela, alguns soldados que se encontravam no lado de fora da porta de entrada da sala de oficiais, abriram ligeiramente e certamente a medo a porta, o que motivou reacção imediata do oficial concertista. Efectivamente, um punhado de rapazes humildes e amantes de musica ali estava já algum tempo a ouvir uma “gaita de beiços” que naqueles tempos era um instrumento muito apreciado pela rapaziada. Disseram que já haviam assistido e ouvido às escondidas noutras ocasiões. Mas, coisa espantosa e comovente. Aqueles rapazes extraordinários, estiveram-se nas tintas para o Regulamento de Disciplina Militar, pois era depois do “Toque a Silêncio” que eles se levantavam das suas camas e, à socapa, se encaminhavam, para ir ouvir o recital que tanto apreciavam. Em vez de serem repreendidos pela infracção ao R.D.M., o oficial de prevenção fez vista grossa, continuou sempre a faze-lo e mais, passou a incluir também peças muito mais apreciadas por eles, como, marchas, corridinhos, tangos, valsas, tangos, rumbas, fados, etc. Terminada a tropa, regressou à sua Caixa de Previdência e continuou com os seus estudos.
Recebeu lições de violino e piano durante dois anos cada, por professores particulares, mais para perceber e compreender a mecânica e execução desses maravilhosos instrumentos. Mas a ajuda mais importante recebeu-a de uma senhora vizinha, que sempre gentilmente, se dispunha a dedilhar no seu piano, com grande curiosidade, e também admiração, as modestas composições do seu vizinho. Essa ajuda foi ainda mais proveitosa, porque o facto de serem vizinhos no mesmo prédio, facilitava as possibilidades de contacto. E assim, pouco a pouco, com calma e determinação, as peças foram-se avolumando pelos anos fora e hoje, atingem um conjunto de cerca de setenta peças escritas para piano, violino e piano, violoncelo e piano, e canto e piano, quase todas no estilo da Música de Salão do Período Romântico. Como as composições iam nascendo na forma de manuscritos, como é óbvio, cedo verificou a necessidade de musicografar as suas peças, pois os manuscritos muito dificilmente seriam entendidos por um intérprete, devido às emendas, rasuras, pressas, má distribuição das massas gráficas, etc. Por isso valendo-se do seu gosto por desenho geométrico e habilidade nos trabalhos manuais, misicografou, isto é, desenhou todas as suas peças, que parecem ter sido impressas numa tipografia. É que o trabalho que teria de dar a um musicógrafo profissional teria de ser pago a peso de ouro. Apesar de muitas dificuldades, invejas e escárnios sofridos, a sorte haveria de lhe dar a mão, na magnanimidade, compreensão e carinho da Administração do seu Banco.
A ajuda tão preciosa teve início em 1990 pela mão do então Governador, Dr. José Alberto Tavares Moreira, secundada nos anos seguintes pelos Governadores, Prof. Dr. Luís Miguel Pizarro Beleza e Prof. Dr. António José Fernandes de Sousa. Injustiça seria se também não fossem lembrados os Vice-Governadores Dr. João António Morais Costa Pinto e Dr. António Carlos Palmeiro Ribeiro e os Administradores Dr. José António Cardoso Veloso, Prof. Dr. Abel Moreira Mateus, Dr. Bernardino Manuel Costa Pereira e Prof. Dr. José Leite Campos, pois que todos eles tão bem souberam valorizar, acarinhar e estimular a prata da casa, na pessoa do seu Especialista Principal de Meios Audiovisuais, com a realização de seis recitais de Musica de Salão, num total de 50 peças, preenchendo a parte cultural das comemorações do Dia do Reformado do Banco de Portugal. O final da 2ª parte dos recitais foi sempre concretizado com duas peças bailadas por dois dançarinos, profissionais tais como os intérpretes instrumentistas. Os espectáculos terminavam sempre em beleza, muito ovacionados por grande assistência de colegas do Banco, familiares e amigos convidados. Hoje vive o fascínio da Música, ouvindo as maravilhas dos grandes mestres do Romantismo, em alternância com as gravações das suas modestas mas muito queridas composições.



Recital S. Carlos (1991)





Recital Gulbenkian (1993)

Peça composta e musicografada (escrita à mão) pelo autor

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

RELIGIÃO

Filho de pais católicos romanos moderadamente praticantes, portanto educado nessa vivência, muito cedo (aos 16 anos) se sentiu fortemente impulsionado para saber o mais possível sobre a religião dos seus pais, porque algum sentimento de rebeldia lentamente se ia apoderando de si e o afligia cada vez mais com muitas e grandes dúvidas.
Esse sentimento de rebeldia começou a manifestar-se a partir dos 8 anos de idade, quando os seus pais residiam no Alto de Santa Clara em Coimbra, frente ao Convento da Rainha Santa Isabel. Era nos claustros desse convento que, sentado em bancos e madeira, juntamente com mais garotada, recebia, aos domingos, à tarde, a catequese que era ministrada por umas três ou quatro instrutoras designadas para o efeito. Cada uma delas ensinava uma classe com programa diferente das outras, formando uma sequência, que no final constituia o curso completo de catequese. Assim, na primeira classe, ou inicial, aprendia-se o "Padre Nosso", como se dizia na época, a "Avé Maria" e a "Salvé Rainha". Depois destas orações bem memorizadas e papagueadas sem papas na lingua, mesmo sem entender patavina do que expressavam, o aprendiz que mais depressa o conseguisse, transitava para a classe seguinte onde continuaria com a aprendizagem sistemática de outras orações-fórmula e assim por diante. Contudo, o local onde era ministrada a catequese, isto é, os referidos claustros situados na parte de trás do convento, era um local quase a céu aberto, onde se dispunham em linha várias estátuas de santos ou membros da Igreja. Nos dias de Inverno, tornava-se um local gélido, escuro e extremamente incómodo. Como consequência, o aprendiz Fernando Martins, que era empurrado pela mãe para a Doutrina (era assim que naquele tempo se designava a catequese), sempre que entrava naquele lugar sombrio, gelado e ensombrado pelas referidas estátuas, que lhe pareciam enormes e lhe metiam medo, para aprender a papaguear orações-fórmula que pouco ou nada lhe diziam, ficava até com a alma gelada e o seu desejo era o de libertação, era dar "á sola", sempre que pudesse. Qando isso acontecia, num momentro de distracção da instrutora, lá se esgueirava feliz e contente por alijar os pesos que lhe oprimiam o corpo e a alma. Mas o pior vinha depois, porque havia sempre um miudo ou dois que, por bem querer, mal saiam da Doutrina iam logo a correr direitos a casa do fugitivo para avisar a mãe do pecado do seu filho. Quando este chegava a casa já sabia o que o esperava, levava uns pares de bofetadas e uns cachações acompanhados de advertências como esta: "Este malandro vai-me sair um grande maçónico". Escusado será de dizer que o nosso aprendiz nunca se esforçou para mudar de classe, nem tão pouco se cumpriu o vaticínio de sua mãe.
Foi, portanto, a partir dos 16 anos de idade, que o ponto de partida para o conhecimento, incidiu, logicamente, sobre a leitura e meditação da chamda Bíblia Sagrada, supostamente considerada por muitos milhões de pessoas como sendo a palavra de Deus. Como não podia deixar de ser, a necessidade de saber mais, levou-o a alargar o conhecimento sobre outras religiões, nomeadamente o Maometanismo através de um exemplar do Corão adquirido na Argentina em 1952, sobre o Budismo, através de literatura também importada da Argentina, sobre religiões contemporâneas do Cristianismo nascente como o Mitraísmo, religião vários séculos mais antiga que foi descaradamente plagiada pela primeira, ao ponto de serem consideradas religiões gémeas e que só a falta de escrúpulos e crueldade de um imperador romano de má memória - Constantino - haveria de destruir implacavelmente, com templos arrasados e clero assassinado , para que a nova religião que oficialmente adoptara para o seu Império não ficasse marcada para a posteridade pela vergonha de um plágio soez. Por fim, com a investigação mais alargada sobre a trapalhada dos Evangelhos canónicos e apócrifos quase setenta no total, que não lhe merecem a menor credibilidade, quer sejam consideradas novelas ou documentos históricos e, finalmente uma análise das especulações teológicas, levaram-no a concluir honestamente pela rejeição total das Religiões que não considera serem outra coisa senão criações do Homem, sem a menor inspiração Divina. Contudo, querendo deixar bem claro que nada tem a ver com o Ateísmo, modestamente se proclama Agnóstico, Republicano e Socialista Democrático.
Sobre o tema Religião, dados os perigos concomitantes que sempre existiram no passado e que actualmente continuam cada vez mais em expansão, em virtude de poder causar algum melindre com escritos que de alguma forma possam desagradar a criminosos com dependência religiosa, apenas elaborou um pequeno e sugestivo folheto com o titulo “Cristianismo - As duas faces da mesma Moeda”, que consiste numa compacta micro síntese de verdades, condensadas no menor espaço possível, porém suficiente para alertar consciências.