O Sistema de Compensação e Inversão é uma espécie de embraiagem que tem por finalidade anular os movimentos invertidos do Sistema de Accionamento, resultante da alternância das marés, e compensar os movimentos de subida e descida de pequena amplitude da plataforma, que acontecem porque ao longo de um mês lunar, as forças atractivas combinadas do Sol e da Lua sobre as águas dos oceanos, variam periodicamente de intensidade conforme as fases da Lua. As correcções efectuadas pelo Sistema de Inversão e Compensação são feitas durante os tempos mortos da preiamar e baixamar de acordo com as tabelas das Marés que anualmente e com longa antecipação são publicadas pela Administração do Porto de Lisboa, com o objectivo indispensável de fazer rodar os indutores dos geradores sempre para o mesmo lado e com velocidades rotativas mais ou menos constantes. Como a plataforma é obrigada a quatro paragens diárias, duas em preiamar e outras duas em baixamar, logicamente a produção de electricidade cessa, mas para contornar esse grade inconveniente, então a solução terá que ser encontrada numa obra de engenharia mais vasta, isto é, com a construção de duas Centrais Maremotrizes gémeas, perto uma da outra. Uma vez que ambas se encontram encaixadas em docas estanques, a entrada e saída das águas é perfeitamente controlada e de uma maneira desfasada entre elas, para que quando uma for obrigada a parar, a outra ainda se encontrar em movimento. Assim, praticamente pode manter-se a produção de electricidade sem interrupções, sem receios de anos de seca e sem quaisquer inconvenientes para a Natureza e o Homem.
Naturalmente que um trabalho destes necessitava de ser patenteado e, efectivamente, no dia 27 de Maio de 1988 deu entrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial um pedido de patente de invenção que foi registado com o nº 87591. O pedido, de acordo com o Regulamento do Instituto, foi acompanhado de um “Resumo” ”, de uma “Memória Descritiva”, das “Reivindicações” e dos “Desenhos”, tudo em perfeita sintonia e inteligibilidade, de forma a não suscitar dúvidas ao engenheiro examinador.
Mas enquanto que com o registo do endoscópio de fibras ópticas, a aceitação levou menos de um ano a ocorrer, com o Registo da Central Maremotriz, foram precisos vários anos de luta com grandes dificuldades que terminaram com o vergonhoso boicote perpetrado pelo engenheiro examinador, de conluio com o Director das Patentes de então. Foram onze anos incríveis de luta inglória com uma pesada, bloqueante e desonesta burocracia, de que resultaram demoras propositadas, desculpas tolas, exigências descabidas, informações irregulares, falsas e ardilosas, com o objectivo de desgastar, desmoralizar e finalmente iludir o autor, por forma a não lhe deixar qualquer hipótese de recurso aos tribunais e assim destruir o desejo de ver oficialmente reconhecido o valor do seu empenhado trabalho.
O inventor possui e põe à disposição de quem de direito, e que esteja interessado, um dossier constituído por brochuras com capa de cartolina, do seu trabalho integral, de cópias das duas patentes de invenção estrangeiras, mais antigas, aceites pelo Instituto, que, por carta escrita e assinada pelo engenheiro examinador, este estupidamente considera iguais (?) e indica como razão para a rejeição do invento português e, finalmente, uma colecção de cópias de toda a correspondência trocada com o Instituto Nacional da Propriedade Industrial no período de 27 de Maio de 1988 a 24 de Abril de 1999.
Sem dúvida que a carta que o engenheiro examinador escreveu, indicando três inventos estrangeiros iguais e mais antigos com o objectivo de eliminar o português, constituiu um erro grave e velhaco, porque se fossem de facto iguais, ou pelo menos baseados em princípios idênticos, o Instituto, por duas vezes, teria cometido infracções graves ao Regulamento, o que é inadmissível. Por isso o engenheiro depois de confrontado com o disparate da sua carta, visivelmente atrapalhado e sem desarmar na sua táctica de boicote, disse que só a primeira patente, a mais antiga, a norte americana nº 3 746 875 é que continha matéria que levava à rejeição do pedido de registo de patente português. Quanto à terceira aceite pelo Instituto, até teve o descaramento de dizer que não tinha nada a ver com o assunto.
quarta-feira, 14 de abril de 2010
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Energias Alternativas - Energia das Marés - II Parte
Esse corpo flutuante constitui, afinal, ele próprio uma Central Maremotriz, em que a sua energia potencial resulta do seu próprio peso, bem como de tudo quanto a integra, desde armazéns de materiais, oficinas, instalações para pessoal, mecanismos diversos, geradores, transformadores, etc., etc. até ao peso dos próprios operários e técnicos, para transformação em energia eléctrica. Foi este o culminar de cerca de três anos de trabalho, recolhendo dados importantes sobre Centrais Hidroeléctricas, Térmicas e Geotérmicas nacionais, sobre Centrais Termonucleares, incluindo o aproveitamento da biomassa, das energias eólicas, maremotrizes, solares, etc.. Mas para atingir melhor o objectivo previsto tornou-se necessário percorrer ainda os cais de Lisboa para observar o comportamento de navios de grande calado, recolher dados sobre o fenómeno das marés no estuário do Tejo, etc. E ao fim de mais um ano de trabalho, em Abril de 1984, ficou completamente dactilografado e desenhado, nas suas linhas gerais, um projecto de uma Central de Maremotriz, em que esta é constituída por uma gigantesca plataforma flutuante, resultante do aproveitamento do casco de um velho petroleiro de várias centenas de milhar de toneladas. A plataforma encontra-se perfeitamente encaixada numa doca própria, algures no estuário do Tejo, cujas águas profundas e calmas são indispensáveis para o efeito desejado, enquadrado por estruturas que lhe permitem realizar o movimento de sobe e desce em perfeita verticalidade.
A doca é estanque, com dispositivos que lhe permitem controlar perfeitamente a entrada e saída das águas, num adequado desfasamento em relação ao fluxo e refluxo das marés e segundo o princípio dos vasos comunicantes, para conseguir a indispensável movimentação da plataforma de maneira regular e constante. Para completar a descrição da Central, aqui necessariamente de forma muito reduzida, o projecto assinala a existência de oito secções de geradores distribuídas em toda a volta do piso superior, devidamente aplanada por obras de adaptação, de modo a aproveitar o máximo da área limitada pela forma adaptada do casco de um petroleiro. Cada Secção é constituída sequencialmente por um Sistema de Accionamento, um Sistema de Compensação e de Inversão e quatro geradores , devidamente interligados. O Sistema de Accionamento é que movimenta todo o conjunto, porque as suas rodas motoras se encontram ligadas a encaixes próprios e fixos, construídos e encaixados no betão da doca. Com o movimento sobe e desce da plataforma, as rodas motoras do Sistema de Accionamento são obrigadas a rodar lentamente por força dos encaixes fixos da doca, movimento que é multiplicado adequadamente em progressão geométrica, ao longo do conjunto de carretos e cremalheiras que constituem o Sistema de Compensação e de Inversão. (continua)
A doca é estanque, com dispositivos que lhe permitem controlar perfeitamente a entrada e saída das águas, num adequado desfasamento em relação ao fluxo e refluxo das marés e segundo o princípio dos vasos comunicantes, para conseguir a indispensável movimentação da plataforma de maneira regular e constante. Para completar a descrição da Central, aqui necessariamente de forma muito reduzida, o projecto assinala a existência de oito secções de geradores distribuídas em toda a volta do piso superior, devidamente aplanada por obras de adaptação, de modo a aproveitar o máximo da área limitada pela forma adaptada do casco de um petroleiro. Cada Secção é constituída sequencialmente por um Sistema de Accionamento, um Sistema de Compensação e de Inversão e quatro geradores , devidamente interligados. O Sistema de Accionamento é que movimenta todo o conjunto, porque as suas rodas motoras se encontram ligadas a encaixes próprios e fixos, construídos e encaixados no betão da doca. Com o movimento sobe e desce da plataforma, as rodas motoras do Sistema de Accionamento são obrigadas a rodar lentamente por força dos encaixes fixos da doca, movimento que é multiplicado adequadamente em progressão geométrica, ao longo do conjunto de carretos e cremalheiras que constituem o Sistema de Compensação e de Inversão. (continua)
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